A situação financeira do Santos é bem pior do que os novos dirigentes pensavam. O presidente Andrés Rueda Garcia fez essa revelação, durante uma entrevista.
“A dívida está superando os R$ 700 milhões. É um número grande, assusta, o problema nosso é o curto prazo com R$ 150 milhões, até o final do ano. O clube ficou muito tempo sem administrar essa dívida, ela estourou basicamente num momento único. Quando eu digo estoura, ela vem com um tempo na justiça e chegou num momento que está no judiciário ou na Fifa. O juiz acatou o bloqueio, após aquele processo da Doyen. É crítica, mas administrável. Já fizemos acordos judiciais de mais de R$ 24 milhões. Se você não paga, as contas serão bloqueadas novamente. A lição de casa é sentar com financeiro e jurídico do lado para administrar escassez“, afirmou.
Rueda ainda conceituou a realidade santista. “Olha, é bem pior do que antes. A gente sabia que a situação não era confortável, mas o quadro que se apresentou, não tem porquê mentir, é pior. Praticamente, até sexta-feira passada, todos os recebíveis do clube estavam bloqueados. Receitas de TV, patrocínios, qualquer tipo de entrada para o clube estava bloqueado judicialmente. A gente precisou administrar muito bem os poucos recursos que entraram para poder equacionar os problemas mais sérios do clube, como parte de folha salarial, não só pelo aspecto de que ele tem que receber como trabalhador e sim como isso provocar em perda de ativo irreparável. Se eu atrasar com eles mais de três meses, se corre o risco de eles saírem de graça. Nossos jogadores estão em dia, faltando um “bixo” da semifinal da Libertadores. Os impostos a partir de janeiro também estão em dia, mas nos deparamos com uma surpresa muito grande de que os impostos não eram pagos desde 2019, totalizando R$ 60 milhões. Faz parte e nossa obrigação é resolver com trabalho, conversando com cada um para equacionar esse problema. Só vamos começar a respirar, num momento em que a gente tiver a entrada de uma receita com a venda de algum jogador“, ressaltou.
Sobre busca por reforços, Rueda foi transparente. “O Santos tem uma folha salarial de R$ 8 milhões, chegando a R$ 12 milhões com encargos. Temos que derrubar essa folha para 5, 6 milhões. Gostaria de contratar o que tem de melhor no mercado, mas não adianta enganar o sócio. Não dá para pensar em jogadores que ganham 600, 700 mil reais. As contratações serão muito bem pensadas, tanto na parte médica, técnica e financeira. Não adianta dar um passo maior do que a perna só para contentar a torcida, trazendo alguém que você não possa pagar“, concluiu.